Tem se tornado cada vez mais frequente golpistas se passarem por advogados ou escritórios de advocacia para aplicar golpes em clientes e subtrair dinheiro a partir de diálogos falsos. O esquema criminoso tem se espalhado por todo o país, atingindo, principalmente, pessoas que esperam por decisões judiciais, com valores a receber.
O golpe, normalmente, acontece da seguinte forma: o golpista entra em contato com o cliente, informando que se trata do advogado responsável pelo processo dele. Com todos os dados pessoais – do processo e do cliente – o advogado solicita uma transferência, via Pix, para que o cliente possa, enfim, receber o pagamento do processo judicial.
A advogada Thaís Rodrigues explica que esses criminosos costumam utilizar informações públicas sobre processos judiciais, além de sistemas informatizados para obter dados sensíveis das vítimas.
“É extremamente importante que, desde o começo, haja um canal oficial de contato entre o advogado e o cliente. Com isso, caso outra pessoa entre em contato, ainda que seja pelo WhatsApp, com a foto do advogado, o cliente, antes de responder, deve entrar em contato por esse canal de comunicação estabelecido no início do contrato”, reforça a advogada.
A orientação é precisa: os clientes devem evitar responder às mensagens de forma imediata e, em primeiro lugar, se certificar de que se trata do advogado responsável pelo processo.
Há, ainda, outro ponto de atenção e alerta: os advogados não entram em contato com clientes solicitando dinheiro para liberar o processo judicial.
“Os honorários advocatícios são estabelecidos desde o primeiro contato entre cliente e advogado”, explica a advogada Thaís Rodrigues. Com as informações estabelecidas em contrato no início dos trâmites, fica mais fácil identificar se a mensagem faz parte de um golpe ou não. “Na maioria das vezes, o golpista não tem acesso ao contrato e não saberá o acordo feito entre advogado e cliente”, completa a advogada.
O diretor de expansão da Marcos Inácio Advogados, Higor Lira, reforça que “proteger as pessoas contra golpes que se aproveitam da boa-fé de quem busca a justiça é uma responsabilidade de toda a sociedade”.
Ele explica que, no Marcos Inácio Advogados, o compromisso é garantir uma comunicação segura e transparente com os clientes, sempre por meio de canais oficiais. “Reforçamos que não solicitamos transferências ou pagamentos fora dos termos contratados. Seguimos atentos, orientando e prevenindo, para que a confiança, que é a base da relação entre advogado e cliente, seja sempre preservada”, enfatiza.
OAB solicita investigação
No início do mês de abril, o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Beto Simonetti, solicitou ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, que a Polícia Federal conduza investigações sobre fraudes eletrônicas envolvendo a falsa identidade de advogados e servidores públicos.
De acordo com a OAB, criminosos utilizam informações públicas sobre processos e sistemas informatizados para obter dados sensíveis das vítimas. Com isso, simulam comunicações oficiais e se passam por advogados ou servidores do Poder Judiciário, induzindo os destinatários a realizarem transferências bancárias indevidas.